Monday, August 30, 2010

Pai rico, pai pobre

Com quase uma década de atraso com relação aos que acompanham as modas literárias, me caiu às mãos um exemplar do livro de Robert Kyosaki: “Rich dad, Poor dad” no começo de 2007. Confesso que o preconceito que possuo com relação à essas obras que propõem receitas mágicas e livros de auto ajuda em geral me fizeram pensar duas vezes antes de lê-lo.

Como o assunto "investimento" começou a despertar o meu interesse nessa época, tendo em vista que eu tinha 32 anos e precisava começar a pensar na minha aposentadoria, resolvi dar uma rápida olhadela no livro em questão.

A linha simples de escrever, associada à inúmeros exemplos e historias, deixam o livro agradável de se ler. E apesar de não ser muito especifico com relação à nenhum tipo de investimento, eu considerei o livro bom e primordial pra todos aqueles que pensam em conquistar uma independência financeira. Na verdade, ele é apenas um choque, que dá início a uma nova forma de encarar a forma como você enxerga o dinheiro.

No Brasil, e eu digo isso pela experiência que tive, falar de dinheiro era uma coisa chata, feita por esnobes e arrogantes. Hoje em dia eu adoro falar de dinheiro, ainda mais quando se vem agregado uma boa idéia de investimento. Ontem mesmo estava lendo um livro com uma excelente idéia por trás. As oportunidades são infinitas.

Então esse livro conseguiu fazer com que eu alterasse toda uma linha de visão sobre o dinheiro e suas relações. E eu recomendo pra qualquer um como sendo o seu primeiro livro sobre finanças. O livro despertou meu interesse pelo aprofundamento em duas áreas de investimento que eu considero primordiais: ramo imobiliário e ações.

Mas antes de chegar nesse ponto de investimentos, gostaria de passar um pouco da idéia desse livro.

O autor prega que apesar do mundo ter mudado e de estarmos em constante mudança, seguimos os mesmos conselhos que foram dados aos nossos pais pelos nossos avós. Que conselhos eram esses? Ir pra escola, obter boas notas, obter um diploma acadêmico e conseguir um bom emprego com bom salário. Bem, essa formula funcionou por um bom tempo, mas funciona ainda hoje em dia?

Parece que não. Ter um diploma acadêmico hoje em dia não garante nem bons salários nem muito menos emprego. E se não temos essa garantia, como poderemos ter uma vida financeiramente independente e ainda mais, como se aposentar com dignidade, tendo em vista que os sistemas previdenciários de quase todo mundo estão à beira de um colapso?

O livro tenta abrir a mente das pessoas para que consigam fugir do que os americanos chamam de “rat race”, ou a “corrida dos ratos”. Mas o que vem a ser a “rat race”?

Bem, o sujeito nasce, vai pra escola, os pais exigem notas altas para poderem fazer uma boa universidade. Então ele faz uma boa universidade, e finalmente quando se forma, consegue um emprego.

Então esse individuo começa a ganhar dinheiro e chegam pelo correio os primeiros cartões de credito e ele começa a gastar. Depois ele se casa e é uma maravilha porque eles têm dinheiro de sobra, afinal são dois salários e um futuro promissor parece estar à frente do casal.

Compram um carro, uma casa, uma televisão de plasma, tiram férias e chegam os filhos. O dinheiro então já não é suficiente e eles passam a trabalhar mais para poderem arcar com as despesas que aumentaram, afinal têm que pagar pelo carro, pela casa, pelas despesas desta, pelo imposto predial, e sem falar que enquanto ganham mais, a alíquota do imposto que pagam também aumenta e assim, a contribuição é maior.

Eles se perguntam: “Nossa, a gente ganha tanto dinheiro... pra onde vai todo esse dinheiro no final do mês?”

Na verdade, eles trabalham pro dono da empresa (enriquecendo este), trabalham pro governo quando pagam os impostos (enriquecendo este) e trabalham pros bancos quando pagam hipoteca, empréstimo do carro, cartões de credito e cartões de lojas de departamentos (enriquecendo estes). Será que é difícil de saber pra onde o dinheiro deles vai?

Mas o pior de tudo não é isso. O pior é que mesmo nessa situação, o único conselho que eles têm pra dar pros filhos é pra fazer o mesmo, quer dizer, entrar também na corrida dos ratos, uma vez que eles desconhecem outro caminho a ser seguido.

A única forma de fugir da corrida dos ratos e passar pro “fast track” é aprendendo a fundo os fundamentos da contabilidade e da arte de investir.

Vejamos um exemplo simples. Uma empresa de capital aberto anuncia que irá realizar um downsizing. Ocorrerá então uma demissão de vários funcionários, o que obviamente irá aumentar o desemprego na região e irá fazer com que muitas famílias fiquem tristes. No final, os empregados é que perdem.

Por outro lado, na maioria das vezes que a empresa anuncia um downsizing, suas ações na bolsa sobem, pois o mercado sabe que a diretoria está tomando ações positivas, ou na forma de redução de pessoal ou demitindo devido à automações e em ambos os casos, a saúde financeira da empresa irá melhorar. O que ocorre? Os acionistas ficam mais ricos, e os investidores e proprietários ganham.

Quem foi demitido ou faz parte de suas famílias irá berrar: “Isso não é justo!!!”. Não, não é justo. Mas o mundo não é justo e se você tem pelo menos 30 anos de idade já deveria saber disso.

O fato é que existem dois lados para se estar, o de quem ganha e o de quem perde. Porque alguém gostaria de estar onde se perde? Porque não fazer algo mais em prol de controlar o seu próprio destino? Sim, pois quem controla o destino do empregado é um sujeito qualquer, que decidiu mandá-los embora. Porque não arranjar um jeito de você mesmo controlar o seu destino?

É isso que prega o livro. O livro diz que precisamos ter uma educação financeira pra sair da corrida dos ratos e controlar mais o nosso destino. Não deixar a roda viva levar o destino pra lá.

Não esqueça de que os ricos seguem uma regra e os outros 95% da população seguem outra. O sistema atual de ensino não possui uma sofisticação necessária pra se lidar com dinheiro no mundo atual. Alias, como poderiam nossos professores e pais ensinaram a lidar com dinheiro se nem eles mesmo sabem?

Essa é a idéia principal do livro e qualquer um pode ler e atestar com seus próprios olhos se vale a pena ou não entender os ensinamentos contidos neste. Boa sorte.